RESENHA | "CONDENADA" de Chuck Palahniuk

Foto: Acervo Pessoal - Parágrafo Cult
Editora: Leya  |  Páginas: 304  |  Ano: 2014  |  Gênero: Literatura-pop  
Sinopse: "Está aí, Satã? Sou eu, Madison". É assim que sempre se apresenta a narradora de treze anos de Condenada, novo livro de Chuck Palahniuk: uma sombria, irreverente, hilária e brilhante sátira sobre adolescência, inferno e Satã. Madison morreu por overdose de maconha. Ora, mas alguém morre por overdose de maconha? Essa é a pergunta que t odos faziam a Madison e, no decorrer do livro, entendemos como, de fato, as coisas aconteceram. Mas não é esse o mistério central da história: a narrativa de Palahniuk nos mostra um enredo intrincado, cheio de idas e vindas e situações inusitadas. Madison é filha de uma atriz de cinema narcisista e de um bilionário, e é largada em seu colégio interno suíço todos os Natais, enquanto seus pais só se preocupam em investir em novos projetos e adotar orfãos - não coincidentemente, sempre na época de lançamento de mais um filme encenado pela atriz hollywoodiana... No Inferno, a condenada Madison partilha de sua danação com um grupo distinto e inusitado de pecadores: uma líder de torcida usando sapatos de marca falsificada, um jogador de futebol americano, um nerd com conhecimentos surpreendentes da história mundial e um roqueiro punk de cabelo azul. Ao longo do caminho, Madison procura entender sua vida, sua morte, seus pecados e sua adolescência perdida - tudo isso enquanto tenta obter a atenção de Satã.

Meu nome é Madison - digo - e sou uma esperançosa inveterada.

Eu estava doida por esse livro desde o seu lançamento e até que finalmente ganhei ele do meu namorado há alguns meses. Me lembro de pedir de presente para a minha mãe que me negou o mesmo duas vezes: na primeira vez, há alguns anos, por conta da capa antiga que tinha o enorme rosto de Satã estampado e na segunda por conta do nome e temática pesada. Sim, eu sou uma adulta mas mesmo assim o livro me foi negado.  rsrs 

A morte é o maior erro que nenhum de nós JAMAIS planeja cometer.

Porém eu e meu namorado encontramos os volumes 1 e 2 em uma feira de livros por dez reais cada quando fomos dar uma volta no shopping e ele me deu de presente. Na última resenha do autor aqui no blog do livro Sobrevivente, eu havia dito que sentia que sua obra estava sendo repetitiva já que não era nem o primeiro ou segundo livro dele que lia que seguia a mesma linha, mas em Condenada, o autor foge completamente do padrão que seguia e do qual eu estava acostumada. 

Não, não é justo, mas o que faz a Terra se parecer com o Inferno é a expectativa de que se pareça com o Paraíso. A Terra é a Terra. Morto é morto. Você mesmo vai descobrir daqui a pouco. Não vai ajudar em nada ficar todo amuado. 

Se você, assim como eu, é fã do autor, já comece a leitura sabendo que mesmo mantendo todo o sarcasmo e humor negros característicos de seus livros, Chuck Palahniuk foge bastante do seu padrão aqui. Em Condenada não temos um personagem autodestrutivo com frases de efeito como Tyler Durden de Clube da Luta, por exemplo. Aqui temos Madison. A garota tem treze anos e como qualquer adolescente, é insuportável, se achando completamente dona da verdade. Ela é filha de um famoso casal de Hollywood - algo como o antigo casal Jolie-Pitt - que morreu de overdose de maconha. Ao menos é isso que ela imagina que tenha sido já que não tem uma memória concreta sobre o dia de sua morte e a forma como ela ocorreu. 

Quem eu penso que sou? Em milhares de palavras... não faço ideia, mas estou considerando abandonar a esperança. Por favor, me ajude, Satã. Isso me faria tão feliz. Ajude-me a vencer meu vício em esperança. Obrigada.

Mas agora Madison está no inferno e já que chegou ali, sua estratégia é ganhar a atenção do próprio Satã para conseguir algum tratamento especial. Como já dizia o ditado: "Tá no Inferno? Abraça o Capeta." Ela acredita que o motivo de estar no inferno é por ter sido vítima da tal overdose porém sabemos que não é possível ter overdose da erva. O que nós podemos ver e ela não, é que a personagem é completamente arrogante, se achando superior a tudo e todos. Sem contar todo o contexto que envolve a sua morte e que você descobre depois. 

O lado bom é que no Inferno você não tem mais que ser escrava do seu status corporal, o que pode ser uma benção para quem é de fato exigente.

Condenada é pura sátira do início ao fim. O inferno e os motivos pelos quais quem está ali é condenado se baseia completamente na lógica cristã. A personagem encontra diversas figuras famosas e conhecidas pelo lugar, como Hitler, por exemplo. Madison narra tudo em primeira pessoa, com um vocabulário jovem bem típico para uma garota da sua idade. É notável a forma como o autor quis brincar com o tema, mostrando para o leitor um inferno grotescamente nojento, não se limitando apenas ao "fogo". 

Não, não é justo mas o que faz da nossa vida um Inferno é nossa expectativa em viver para sempre. A vida é curta. A morte é para sempre. 

Ali, não há apenas assassinos, criminosos ou ladrões. Há jogadores de futebol que trapaceiam, vaidosos e depressivos entre outros. Mais uma crítica de Chuck ao colocar pessoas que fizeram coisas completamente diferentes em um mesmo patamar como se suas ações fossem igualmente graves. Não acho que todas as pessoas se sentiriam confortáveis com a leitura. Na verdade, tenho plena certeza disso. O livro toca em muitos temas como condenação, vida, morte, preconceitos e apesar de ter essa narrativa puxada para o humor, carapuças poderão servir ou preconceitos serem ativados. 

Tenho esperança, logo existo.

O inferno com o tempo se torna um lugar até agradável para Madison que vai se destacando ao trabalhar como atendente de telemarketing - sim, aqui, aqueles números chatos que nos ligam o dia todo para falar nada importante são pessoas no inferno com o único intuito de te importunar e te fazer pecar para ir para lá também - e se tornando uma das figuras ali que mais angariam novos integrantes para a danação eterna, e a jovem faz isso sem remorso algum. A funcionária do mês.

Esse é de fato um grande problema do Inferno. É como um submundo inteiro com síndrome do edifício doente.

Não vou te contar se ela consegue ou não cair nas graças de Satã ou sair dali para ir ficar ao lado dos anjinhos tocando harpa no céu mas o final foi satisfatório e me deixou com vontade de seguir logo para o segundo livro. É uma leitura rápida, divertida porém ácida e às vezes difícil de engolir. Como todos os livros do autor, não é uma leitura que todos se sentiriam confortáveis porém a mensagem e reflexão que tem em suas páginas é bem válida. Minha nota não foi maior porque eu realmente me irritei muito com a Madison no começo do livro. Ela era insuportável com toda a sua certeza de adolescente e isso é algo que me irrita muito em personagens dessa idade quando leio livros com eles. O bom é que conforme a história passa, Madison amadurece um pouco e passa a refletir sobre a sua vida que nas manchetes parecia perfeita mas que não era bem assim.

Se os vivos são assombrados pelos mortos, o mortos são assombrados pelos próprios erros.

A edição da Editora Leya é linda. Eu achei a capa maravilhosa com toda aquela cor e a ilustração no estilo de tatuagem. Não encontrei nenhum erro e as páginas são amareladas, o que me agrada muito já que minha vista se cansa com facilidade. Perdão pelos mil quotes nessa resenha mas eu tinha enchido o meu livro de post-its com trechos e quis trazer todos para vocês. Acredite, vários ficaram de fora. Se você gosta de livros que te fazem rir e refletir, esse é com certeza uma ótima pedida mas venha com a mente bem aberta. 

Nota: 4,0 / 5,0

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16 Comentários

  1. Oi, Larissa como vai? Que presentão hein! Eu não li esse livro e confesso à você que tenho curiosidade em lê-lo, depois de ler sua espetacular resenha, minha curiosidade aumentou consideravelmente, me fazendo decidir definitivamente que preciso ler o livro, com urgência inclusive. Presumo que seja uma leitura deliciosa, muito embora seja de terror. Adoro os livros do autor, abraço!


    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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  2. Queria muito poder ler-lo!

    Beijinho grande no coração
    danielasilva-oficial.blogspot.pt

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  3. Boa tarde,
    Tudo bem?
    Não conhecia este livro:(
    E que capa linda!

    Seu blog esta bem diferente, ta muito lindo mesmo *-*
    Beijos e se cuida
    www.rimasdopreto.com

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  4. Acho que minha mãe também não me daria livros assim, haha (mas ainda bem que sou eu que compro meus livros). Não conhecia esse livro, mas parece ser ótimo. Já adicionei a minha listinha.

    https://www.biigthais.com/

    Beijoos ;*

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  5. KKKKKK Morrer e ter que trabalhar de atendente de telemarketing aos 13 anos é o verdadeiro inferno KKKKKK Gente, morri. Não gosto desse tipo de livro, mas achei interessante a obra. Pena que provavelmente iria odiar a personagem, me dá agonia ver uma menina tão nojenta assim.
    Beijo
    https://www.capitulotreze.com.br/

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  6. Não conhecia o livro e amei a resenha. Com certrza seria negado se eu pedisse o livro também, minha mãe não gosta de coisas assim rs
    Mas o livro parece muito legal e eu leria
    Beijos
    http://www.dearlytay.com.br/

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  7. Nossa bem diferente do que costumo ler, mas fiquei intrigada com a temática do livro.
    Charme-se

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  8. Ah ah ah, esse livro deve ser um máximo! :) Beijinhos
    --
    O diário da Inês | Facebook | Instagram

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  9. Eu gosto muito de livros/filmes que nos fazem refletir. Achei esse bem interessante, ainda não conhecia.
    E achei a capa bem bonita! :)

    https://www.heyimwiththeband.com.br

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  10. To vendo que vou ler esse livro só pra saber como essa guria morreu de overdose de maconha aos 13 anos kkkkk
    Beijos
    Balaio de Babados

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  11. Não faz muito o meu estilo o livro,mais para quem gosta é uma boa pedida.
    Ótimo post.

    www.paginasempreto.blogspot.com.br

    Beijos

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  12. Que loucura esse livro gente. E que explicação foi essa dos atendentes de telemarketing... kkk
    Cara, nas feiras de livros tem cada achado maravilhoso, e com precinhos super em conta. Eu sempre fico louca quando vejo uma feirinha no shopping... rs
    Bjks!

    Mundinho da Hanna | Instagram

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  13. Oi Lari, tudo bem?
    Adorei a resenha, deu pra sentir muito bem a vibe do livro.
    Pelo que já vi você falando do autor, realmente é um jeito peculiar de contar histórias. Não sei se eu gostaria, mas o tema em si me interessou. Achei a proposta muito criativa e cheia de oportunidades para cutucar várias feridas, pequenas e grandes.
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

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  14. Oi Larissa.
    Tenho mesmo andado atrás de livros que vêm com essa premissa ácida, mas ainda sim são leves. Costumam ser meus favoritos pro fim do ano que eu já estou cansada da faculdade e das coisas kk
    Não conhecia esse livro em específico, mas eu sinceramente amo quando se exploram erros da humanidade. É necessário para engrandecer o próprio ser-humano.
    Beijos.
    Blog: Fantástica Ficção

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  15. Por que será que livros com essa temática mais gótica sempre me fascina?? Haha, eu amo, mas ainda não conhecia esse. E claro que leria. Minha mãe também tem bastante preconceito com livros assim e ela nunca leria, mas meu boy com certeza me presentearia haha.

    Beijos

    Imersão Literária

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  16. Você é fã de Chuck Palahniuk, enfim. Até hoje, só li seu Clube da Luta.

    A história parece interessante e lembra um pouco algo que cairia muito bem numa HQ do selo Vertigo.

    Mais uma vez as editoras mostrando um pouco de desprezo pelos leitores. Acho que algo assim em dois volumes deveria, SEMPRE, sair aqui ao menos num box. Hoje em dia, é o mínimo, diante da invasão da leitura digital.

    Mas, como vc mesma disse, a capa é bonita. E tatuagem é algo que, penso, deve se relacionar bem com o universo do autor.

    Abraços!

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