RESENHA | "SOBREVIVENTE" de Chuck Palahniuk

Editora: Nova Alexandria - Páginas: 240 - Ano: 2012 - Gênero: Literatura-PopSinopse: Tender Branson poderia ser um cidadão comum, vivendo uma vida mediana, casado e pai de dois filhos. Poderia ser apenas mais um, mas escolheu sequestrar um avião com destino a Austrália para se suicidar. Sobrevivente é  a trajetória de vida e morte de um fanático religioso, narrada em contagem regressiva: de seu fim desastroso até os dias de infância vivida no distrito da Igreja do Credo, isolado do mundo real. Mas antes de tudo, que fique bem claro: Tender não é um assassino. Ele sequestrou sim o voo 2039 com destino a Sydney mas desembarcou todos os passageiros no caminho em troca de alguns paraquedas e garrafas de gin-tônica e deixou o piloto saltar de paraquedas depois de decolar. Ele queria apenas morrer sozinho, mas antes precisava contar a sua história. 

Já tem alguns anos que sou leitora assídua do Chuck. Falei no primeiro post aqui do blog aqui que eu tenho vários livros do autor e que ele está no meu Top 5 de autores preferidos. Porém tem algo que eu não posso negar: o cara escreve livros com personagens bem malucos para poder criticar assuntos bem atuais daquele jeito que só ele sabe fazer. 

Mesmo ser mastigado por zumbis é melhor que pensar que sou apenas carne e sangue, pele e osso. Demônio, anjo ou espírito do mal, só preciso de algo que se mostre. Diabólico, fantasmagórico ou uma besta de pernas compridas, só quero que segurem minha mão.

Como eu disse no outro post, Chuck Palahniuk não é um autor fácil de se ler. Meu primeiro contato com ele foi em Clube da Luta, livro que ficou mais conhecido por conta de sua adaptação para o cinema que é maravilhosa. Depois disso eu li Condenada, Maldita, Clube da Luta 2 e agora Sobrevivente
Porém, não sei exatamente qual o motivo mas seus livros têm me animado cada vez menos. Parece que ele está escrevendo a mesma coisa, sobre as mesmas pessoas. O livro não é ruim. De longe é o segundo melhor que li dele, perdendo apenas para Clube da Luta, porém, mesmo assim o livro não surpreende, acho que justamente pelo estilo de narrativa ser o mesmo de seu livro de maior sucesso.

Por que não liga para alguém e avisa sobre o desastre?"Porque ninguém quer más notícias", ela diz, encolhendo os ombros.

O livro começa já no capítulo 47, o último. Sim, os capítulos vão passando do maior para o menor, começando já com o protagonista dentro de um avião prestes a cair, decidido a contar a sua história e o que o levou até ali. Uma contagem regressiva para a morte iminente do personagem.
Aqui conhecemos Tender Branson, um homem em seus trinta e poucos anos que trabalha como mordomo na casa de uma família rica e que é sobrevivente de um suicídio coletivo da Igreja do Credo na qual foi criado até os dezessete anos, quando vou obrigado a ir para o mundo exterior assim como outros de sua idade. Ele é muito eficiente em seu trabalho, e como em Clube da Luta onde Chuck nos ensina a fazer napalm (não façam isso em casa), aqui aprendemos várias coisas úteis com o personagem porém que nada tem a ver com bombas.

Depois liguei para o agente. A verdade é que sempre houve alguém para me dizer o que fazer. A igreja. As pessoas para quem eu trabalho. A assistente social. Eu não suporto a ideia de ficar sozinho. Não suporto imaginar que estou livre.

Tender vive no tédio. Se sente um traidor por ainda estar vivo já que segundo as regras da comunidade religiosa em que viveu, quando houvesse o arrebatamento, TODOS deveriam se "libertar", porém lá estava ele, vivinho. O único de sua enorme família que não se matou. Mas não comece a sentir empatia ou pena de Tender. Ele é, na minha opinião, uma pessoa horrível. Para ajudar a diminuir seu tédio, o mesmo fez adesivos com seu número de telefone se apresentando como alguém que poderia ajudar sendo um apoio, ombro amigo para aqueles que pensavam em suicídio, colando em vários telefones públicos.
Quando recebia essas ligações de pessoas desesperadas por salvação, por alguém que lhes quisesse vivo e bem, ele se sentia poderoso, chegando ao ponto de decidir se dizia para alguém se matar ou não apenas se gostasse da voz de quem ligava. A narrativa desse momento é repleto de frieza.
As páginas do livro são lotadas de críticas sociais, muitas, além de um humor extremamente ácido que deixa óbvio que o autor queria chocar o leitor (coisa que ele faz em todos os seus livros ou que ao menos tenta). Fanatismo religioso, a forma como algumas pessoas usam da religião do outro para lucrar em cima disso, o mercado que quer fabricar "escravos" perfeitos que trabalhem felizes sem pensarem em si mesmos, a fabricação de um "líder religioso" para vender produtos, a falta de empatia são apenas alguns dos temas que ele aborda para criticar, ele tentou mexer em muitas feridas ali.

"A realidade significa que você vive até morrer", o agente continua. "A verdade é que ninguém quer a realidade".

O livro é cheio de frases de efeito, assim como suas outras obras, tendo alguns momentos nonsense e outros cheio de humor ou agressividade. Ele pega um tema e o destrincha na hora de escrever, exagerando em alguns tópicos mas sem perder a mensagem que quer passar e sem deixar de te fazer questionar alguns assuntos. É uma pena que o livro não tenha me surpreendido. Acho que quem já o lê faz tempo, como eu, vai achar a história repetitiva porém repito que a mesma é divertida e vale a leitura, principalmente para quem não o conhece. 
O livro foi lançado originalmente em 1999 e teve seus direitos para o cinema comprados naquela época porém após os ataques de 11 de setembro, o projeto foi arquivado.

NOTA: 3,0/5,0

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18 Comentários

  1. Ola
    Nao conhecia essa obra mas confesso tambem que no momento nao me interessei no livro
    Talvez mais para a frente quando nao tiver muitos luvros para ler
    Mas gostei da sua resenha

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  2. Oi, Lari

    Que pena que os livros dele têm te conquistado cada vez menos. Eu nunca li nada nele, sequer Clube da Luta, que está na minha lista há oitenta e quatro anos.
    Eu gosto desse artifício de começar a história de trás para frente, e apesar das suas ressalvas fiquei curiosa.
    E menina, que mórbido esse lance dele decidir falar pra alguém se matar ou não apenas pelo fato de gostar ou não da voz da pessoa...creepy! hahahha

    Beijos
    - Tami
    https://www.meuepilogo.com

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  3. Oi, Larissa como vai? Eu li esse livro já faz um tempão e ao ler sua resenha deu vontade de relê-lo. Chuck Palahniuk é um escritor fora de série ao meu ver, pois o mesmo consegue ser sarcástico em alguns momentos, mas ao mesmo tempo consegue transmitir mensagens subliminares que deixam o leitor(a) de queixo caído. Sua resenha ficou muito boa, parabéns. Aconselho-te a ler outros livros dele, irás se surpreender. Abraço!

    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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  4. Não, Larissa, desse nem me atrevo a ler.
    Acho que nem entendo.
    Parece uma estória de psicopata.

    Qual foi sua nota para "O apanhador do campo de centeio?"

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  5. Oi, Larissa!
    Ainda não li nada do autor, mas tenho clube da luta na minha lista de leituras. Uma pena que, apesar da boa premissa, o livro não tenha trazido muito diferencial.

    Beijos
    Construindo Estante || Promoção no Instagram

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  6. O livro parece ser muito bom!
    Segui o seu blog, quero convidar-te a visitar e a seguir o meu de volta <3

    pimentamaisdoce.blogspot.pt

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  7. Olá! Gostei da sua resenha, e não conhecia a obra e não me recordo do escritor. Não é o tipo de leitura que prende a minha atenção, esses dias tentei ler um livro de um gênero parecido e empaquei, dei o livro porque não flui pra mim.
    Beijocas.

    https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/

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  8. Para alguém que costuma ler os livros do autor, esse livro pode mesmo parecer repetitivo, uma pena :/ Mas, pra mim que nunca li nada de Chuck Palahniuk, essa história me chamou muita atenção e pode ser uma experiência positiva para que eu comece a conhecer as obras do autor. Até porquê, gosto de livros que trazem críticas sociais.
    Sobre esse tal suicídio coletivo, ele existiu na vida real. Não sei se o nome era mesmo Igreja do Credo, mas o fanatismo religioso era muito palpável e o suicídio se tornou o maior da história em número de pessoas. Se não conhece a história, procure sobre ela, pois pode ser um complemento sobre esse livro.
    Beijo, Blog Apenas Leite e Pimenta ♥

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  9. Nunca li nada desse autor, um mundo novo pra mim!
    Achei interessante a história.
    bjs www.diadebrilho.com

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  10. Oie,
    Parece ser um livo bem pesado. Achei interessante ele começar no último capítulo. Queria entender melhor o que o levou ao suicídio, e por que dessa forma. Nunca li clube da luta, mas ouvi muitas coisas boas.
    Beeijoo!

    Grazy Carneiro
    Meus Antídotos

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  11. Pela resenha é o tipo de leitura que não me agrada muito. Mas eu gosto de Clube da Luta, o livro e o filme kkkkk

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  12. Oi
    do autor eu tenho vontade de ler Clube da Luta, parece ser bom, pena que está achando as histórias dele repetitivas, mas pelo menos curtiu essa leitura.

    http://momentocrivelli.blogspot.com

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  13. Infelizmente vários projetos para cinema e tv foram cancelados, adiados ou modificados após 11 de Setembro. Até mesmo comédias.

    Quem sabe algum produtor desenterra a adaptação deste livro.

    Abraço

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  14. Como assim eu ainda não conhecia o autor?? Agora fiquei curiosa, adorei o filme Clube da Luta e saber que foi ele que escreveu me deixou curiosa, com certeza vou pesquisar sobre ele. É uma pena que a leitura desse livro da resenha deixou a desejar, mas mesmo assim fiquei curiosa haha.

    Beijo
    Imersão Literária

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  15. Oi Lari!
    Uma pena que tenha sido uma leitura mediana. E ruim quando a gente le e acha algo repetitivo. Nunca li e nem tinha ouvido falar do autor mas a tematica em si nao me interessa.

    Abraços
    Emerson
    http://territoriogeeknerd.blogspot.com/

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  16. Oi Larissa, ainda não conhecia esse livro, mas não acredito que gostaria dele ainda mais pelas suas considerações finais. O exagero e a perda de sentido me deixam com raiva de leitura porque gosto de obras que abraçam a simplicidade. Apesar disso, vou deixar guardado para presentar porque conheço pessoas que gostam dessas coisas (que coisa não?).
    Beijos.
    Blog: Fantástica Ficção

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  17. Olá, Larissa!
    Gosto muito da forma como expõe a sua opinião.
    Achei muito real esta citação: ""A realidade significa que você vive até morrer", o agente continua. "A verdade é que ninguém quer a realidade". "
    Realmente, mais correto do que isso, impossível!
    Beijinhos



    http://tudosoblinhas.blogspot.com

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  18. Oi Lari, tudo bem?
    Entendo seu ponto, quando um autor começa a repetir sua própria fórmula a gente cansa mesmo, por mais que o ame.
    Mas assim, te digo que fiquei impactadíssima com essa trama. Já comecei curiosa pela questão da trama voltar no tempo pra contar sobre a morte iminente do protagonista, e mais chocada ainda com a frieza que ele trata pessoas vulneráveis. Leria, com certeza!
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

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