RESENHA | "ASSOMBRO” de Chuck Palahniuk


Sinopse: Assombro é um romance de histórias construído a partir de 23 contos horripilantes, divertidos e de revirar o estômago. Eles foram contados por pessoas que responderam a um anúncio literário que propunha uma experiência semelhante ao do programa Survivor, em que o anfitrião controla as fontes de aquecimento, energia e comida. Na medida em que os contadores de histórias ficam mais desesperados, seus contos se tornam mais extremos, já que eles fariam de tudo para desenvolver a trama mais chocante para ganhar o reality show. Com certeza um dos livros mais perturbadores de todos os tempos, que só poderia ter saído de uma mente como a de Chuck Palahniuk.



Eu sou mais do que suspeita para resenhar um livro do Chuck Palahniuk. Meu gosto literário sempre passeou por entre os gêneros de Terror e Suspense porém adoro livros que abordem um pouco do bizarro, com críticas sociais, sarcasmo e o "fora da casinha". Por conta disso, no meu Top 5 de escritores, o nome de Chuck está lá. O cara consegue, de uma forma brilhante, nos fazer sentir nojo, nos chocar e ao mesmo tempo nos prender na leitura. É incrível. 

 - Qualquer apelo a paz mundial é uma mentira - dizia o Sr. Whittier. - Uma mentira linda, muito linda. Só mais uma desculpa para lutar.

Não, nós adoramos a guerra. 

Guerra. Fome. Epidemias. É a rota mais veloz para o esclarecimento. 

 - É um sinal de uma alma muito, muito jovem - dizia o Sr. Whittier - Tentar e salvar qualquer um de sua cota de desgraça. - Página 131

Claro, os livros dele não são do tipo que qualquer um conseguiria ler até o fim, tenho que admitir. Eu e meu namorado somos fãs do cara e começamos uma grande busca por entre sebos e feiras literárias pelos livros do autor já que é difícil de encontrá-los nas grandes livrarias daqui de Vitória e conseguimos montar um pequeno acervo.
Na semana que adquiri Assombro, havia comprado também Clube da Luta 2, Condenada e Maldita. Olha que achado! Porém, quando comecei a ler Assombro, com a expectativa lá em cima, admito que não consegui terminar de ler imediato, devorando a obra como de costume. 


 - Talvez estejamos vivendo exatamente do jeito que deveríamos viver. Talvez o nosso planeta-usina esteja processando nossas almas. - Página 144

É um livro forte. Chocante. Pesado. Eu já sabia que não seria uma leitura fácil devido ao conto Tripas (você encontra ele pela internet também como Visceras ou Guts) que eu já havia lido há alguns anos, narrado pelo personagem São Sem-Pança. Esse livro, dificilmente vai ser o tipo de leitura que você irá terminar em uma semana. Talvez sim, caso tenha paciência e estômago forte.

O livro é narrado em primeira pessoa porém de uma forma diferente da qual eu nunca havia lido. Cada capítulo se divide em três partes: a trama central, narrando sobre o que está acontecendo com os personagens do livro, um "poema" que é mais como uma introdução para a terceira parte que é um conto narrado por um dos personagens, o mesmo que declamou o "poema". Cada personagem tem apenas um conto, exceto o Sr Whittier e a Srta. Clark.
A escrita de Chuck (olha a intimidade, já somos amigos haha) como sempre, é impecável. Ele consegue unir as três partes do capítulo sem deixar a história desandar. 

Agora não fazia muito sentido sair da cama e apagar a fita. Seria como quebrar um espelho por ter  lhe mostrado a verdade. Tipo matar o mensageiro de más notícias. - Só de ficar na cama, dia após dia - diz a Sra. Clark -, você percebe que não são as estacas de madeira que matam os vampiros.É toda a bagagem emocional e todas as decepções que eles tem que carregar século após século. - Página 181
Admito que em vários momentos, pela primeira vez ao ler um livro do autor, eu pensei que iria abandonar a leitura. Em muitas partes o ritmo fica muito lento e a trama parece que vai finalmente encalhar ali e morrer mas aí algo acontece que te faz pensar que era engano seu. Sem contar que por ser um livro "pesado", eu não consegui ter aquela leitura rápida. Os contos dali realmente chocam. Eu achei que nenhum superaria Tripas mas me enganei.
A narrativa do autor é a mesma de sempre, com algumas informações técnicas  
(como em Clube da Luta onde ele ensina a fazer uma bomba caseira, por exemplo), deboche, crítica e tanto humor negro que chega transborda. Nada de diferente de seus outros livros. Ele pega assuntos simples e transforma em algo polêmico. 

É isso que o ser humano faz: transforma objetos em pessoas, pessoas em objetos. Vai e volta. Olho por olho. - Página 217

O livro tem 18 personagens centrais que não são tratados por seus nomes reais, apenas por apelidos que o narrador deu a eles. Todos são completamente loucos. Cada conto que é narrado no livro, conta uma parte da vida do personagem e você só consegue se perguntar como foi possível para o autor conseguir pensar em tanta gente maluca para colocar no livro. São pessoas loucas, mentalmente instáveis e em uma busca desesperada por salvação e um pouco de emoção para as suas vidas. Eles querem ser idolatrados. Eu não sei vocês, mas não consegui sentir afeição ou simpatia por nenhum deles. Todos são pessoas extremamente detestáveis. É um pior do que o outro.

Não é um livro para fracos, nem todo mundo vai gostar. Muitos vão odiar mas para quem gosta do estilo, que não passa mal por qualquer coisinha, a leitura é uma ótima pedida. Mas como disse ali em cima, sou uma grande suspeita para resenhar sobre o Chuck. 

Nota:

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1 Comentários

  1. Do autor li apenas O Clube da Luta (o romance, não a continuação em quadrinhos). Gostei do ritmo fluido, dinâmico etc. Mas confesso que achei a adaptação para o cinema melhor que a obra escrita primeva. Isso também ocorreu com Forrest Gump e História Sem Fim. É raro... Mas, às vezes, a adaptação cinematográfica pode nos surpreender positivamente!
    Abraços!

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