HAGSPLOITATION: o esquecido subgênero do terror que explorava as suas atrizes

Foto: Larissa | @paragrafocult
 

Acredito que a maioria das pessoas já assistiu a um filme ou leu um livro com uma personagem considerada "maluca". É comum vermos obras de suspense ou terror com uma personagem feminina que em algum momento passou por um colapso mental que a transformou em uma mulher desequilibrada, amargurada e presa a um passado que não irá retornar. 

Há algumas décadas atrás, entre os anos 30 e 60, era comum que atrizes brilhantes fossem perdendo sua fama com o passar dos anos. E essa perda de destaque não era relacionado a talento e sim a perda de juventude. Junto com seus rostos juvenis do auge de suas carreiras, os bons trabalhos também iam embora. O que lhes restava então, ao contrário dos papeis de protagonistas fortes e destemidas, belas, inocentes e apaixonadas de outrora, eram papeis de mulheres rancorosas, perigosas, amarguradas, psicóticas e violentas.

Joan Crawford e Bette Davis em "O que terá acontecido a Baby Jane?(1962)

Apesar de alguns filmes com personagens que se encaixavam no perfil citado acima terem alcançado um certo destaque, foi no clássico "O que terá acontecido a Baby Jane?" lançado no ano de 1962 que o gênero foi considerado criado. Com Bette Davis vivendo o papel de Jane e Joan Crawford como Blanche, as duas encontraram na obra baseada no livro de Henry Farrell uma nova porta de retorno para os holofotes, já que as duas na época, atrizes antes premiadíssimas, estavam beirando os 60 anos e por isso se viam esquecidas por Hollywood. Antes de aparecer no longa, Bette Davis havia chegado a publicar um anúncio em jornal a procura de emprego. Alguns anos antes, o lançamento de "Crepúsculo dos deuses" nos anos 50, filme que flerta bastante com esse gênero, mostrou uma grande oportunidade para filmes com personagens que se encaixavam em tal estereótipo.

Na história, a personagem de Jane se vê responsável por cuidar de Blanche, sua irmã paraplégica. As duas outrora haviam sido atrizes famosas mas a carreira de Jane se limitara a infância enquanto a de Blanche se dissolveu após o acidente. Seus dias de glória ficaram para trás e agora ambas precisam convivem em um local repleto de dolorosas lembranças, além de lidar com sua saúde mental, já que o relacionamento das irmãs está cada vez mais deteriorado.

O filme pegou carona na, já conhecida na época, rivalidade entre as atrizes, o que catapultou o longa que foi um grande sucesso e reacendeu a carreira das duas. Sucesso de crítica e com cinco indicações ao Oscar, o longa marcou uma época e fez história.

Gloria Swanson em "Crepúsculo dos deuses" (1950)

A partir daí, surgiu então o termo Hagsploitation. Hag é um termo perjorativo, algo como bruxa velha. Exploitation para exploração. Traduzindo então, seria algo como "exploração da bruxa velha", uma tradução bem autoexplicativa se levarmos em conta todo o contexto que citei até agora. O gênero continuou bastante popular nas produções cinematográficas dos anos 60 até por volta do fim dos anos 70, já que nos anos 80, as atrizes mais velhas começaram a receber papeis melhores e ganhando destaque por eles, mostrando uma mudança.  

Por mais que seja um gênero que surgiu da exploração de atrizes consagradas que foram abandonadas e estavam em busca de reavivar as suas carreiras, diversos filmes do gênero ajudaram a alavancar suas carreiras. Atualmente o Hagsploitation não é mais tão visto em obras ou quando ocorre, está dentro de um outro tipo de trama, de forma não tão explícita.


Já conhecia o gênero Hagsploitation? Já assistiu ou leu O que terá acontecido a Baby Jane? 

Se quiserem, posso trazer resenha aqui no blog e no insta.

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1 Comentários

  1. Dois filmes maravilhosos, tanto Baby Jane quanto Crepúsculo... Este último tenho em DVD. Mulheres malucas e decadentes, homens igualmente malucos, decadentes e ainda por cima tarados. Fórmulas que deram certo no cinema.

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