RESENHA | "POLTERGEIST"

Foto: Larissa | @paragrafocult
 

Editora: Darkside Books | Autor: James Kahn | Páginas: 272 | Tradução: Eduardo Alves | Ilustrações: Vitor Willemann | Gênero: Terror 


Um das obras de terror que mais me marcou e provavelmente uma das maiores responsáveis por me tornar a fã do gênero que sou hoje, foi Poltergeist. Me lembro claramente de uma mini-eu assistindo assustada e ao mesmo tempo maravilhada ao filme junto ao meu pai (que admito que não possui muita noção de que certos filmes são assustadores demais para crianças). Senti mais fascinação do que medo e assistir filmes desse tipo se tornou um hábito que fui cultivando cada vez mais. 


A mulher recuou tropeçando; a forma disparou atrás dela. A forma quase ria dela. Ela sabia que uma escuridão não era capaz de rir, ainda assim era isso que aquela coisa parecia estar fazendo.


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A ideia de ser sugada para dentro da televisão como a garotinha Carol Anne era surreal até mesmo para mim que na época não tinha nem dez anos ou até mesmo aquela cena que acredito que jamais esquecerei, onde o Robbie, irmão do meio de Carol Anne, trava uma luta contra seu bizarro boneco de palhaço. Muito do sucesso e da qualidade do filme se deve à toda a equipe envolvida, incluindo o próprio Steven Spielberg que escreveu e produziu o longa. 


Problemas não têm um começo — só um grande meio interminável.

Foto: Larissa | @paragrafocult

Mas não estou aqui de volta para tecer elogios ao filme e sim para comentar sobre o livro que nada mais é do que a novelização da obra escrita por Spielberg. A edição é repleta de ilustrações em preto e branco maravilhosamente sombrias que resgatam a atmosfera do filme e ajudam a deixar o livro mais sombrio.

 

Apesar de ser uma novelização do roteiro de Steven, o autor James Kahn teve toda a liberdade ao adaptar, o que torna o livro, de certa forma, diferente do filme e de uma forma positiva, tendo aquele estilo único do Poltergeist de 1982 que muitos conhecem mas com coisas novas para nos deixar de cabelo em pé. 


"Elas acham que ainda estão vivas?"


"Talvez. Talvez não quisessem ter morrido. Talvez não estivessem prontas. Talvez mal tivessem começado a viver, ou tivessem vivido muito, muito tempo, mas mesmo assim quisessem viver mais. Elas se recusam a entrar na luz, não importa o quanto a luz as queira. Elas ficam por aqui, assistem televisão, observam os amigos crescerem, se sentindo infelizes ou invejosas — e esses sentimentos são ruins. Eles magoam. Então existem algumas pessoas que simplesmente se perdem no caminho até a luz — talvez tenham se desviado, ou apenas tenham ficado curiosas com alguma outra coisa. Precisam de alguém para as guiar até lá — até a luz."


Foto: Larissa | @paragrafocult

Na trama, temos a tranquila e feliz família dos Freeling que vivem uma vida pacata e tranquila. São uma família típica e até comum, vivendo seus dias acreditando serem perfeitamente normais. Quando a filha caçula da família começa a apresentar comportamentos estranhos, como sonambulismo e a conversar com a televisão, sua mãe Diane começa a se preocupar com esses novos hábitos. Porém é quando a pequena simplesmente desaparece, que o caos se inicia. 


Paralelamente a isso, uma equipe de pesquisadores sobrenaturais liderados pela Dra. Lesh, juntos da médium Tangina Barrons, chegam à residência da família para ajudarem a trazer a garotinha de volta para a sua família. Durante esse processo de resgatar Carol Anne que parece estar em outra dimensão, mantendo contato com todos através da televisão em estática, acontecimentos assustadores começam a acontecer com cada um dos que estão na casa, incluindo a equipe de pesquisadores, levando suas mentes ao limite. 


Você não consegue entender; não é culpa sua, você simplesmente não consegue. A dor de ver coisas que eu gostaria de nunca ter visto — lutar contra os monstros de outras pessoas. Eu não escolho minhas visões, sabe — elas me escolhem. E uma vez que sei de uma coisa, nunca consigo deixar de saber. É como um paraíso perdido para mim — Deus, como tenho inveja da sua inaptidão.
Foto: Larissa | @paragrafocult

O que costuma me agradar mais quando filmes são adaptados para livros, é o aprofundamento que os autores costumam dar à trama. É interessante saber um pouco mais sobre os sentimentos e pensamentos dos personagens e do enredo em si. As narrativas referentes à Tangina são incríveis, principalmente quando falam sobre os seus sonhos e contatos com a outra dimensão. 


É incrível como o autor conseguiu pegar uma história incrível criada por Spielberg e torná-la ainda melhor e mais profunda. A narrativa é familiar e ao mesmo tempo assustadora. Conseguimos sentir o medo das crianças, raiva do comportamento tipicamente adolescente de Dana, a filha mais velha e principalmente o desespero de Steve e Diane em recuperar sua filha e manter a sua família a salvo da besta que os importuna. 


Sabe, às vezes, se ninguém chamar é difícil voltar.

Foto: Larissa | @paragrafocult

Ao final do livro, ainda temos dois capítulos comandados pelo incrível autor nacional, César Bravo, onde comenta sobre o impacto de Poltergeist e em seguida nos entrega um conto comovente que complementa a história original, sendo como uma agridoce homenagem aos personagens e aos atores que deram vida à Tangina Barrons, Carol Anne e do Reverendo Kane, que nos deixaram há muitos anos. 


Foto: Larissa | @paragrafocult

Se você é fã de terror, de obras oitentistas ou até mesmo quer se aventurar pelo gênero pela primeira vez, acredito que Poltergeist seja uma ótima pedida que com toda a certeza vai marcar a sua memória.

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6 Comentários

  1. Oi, Larissa!
    Muito obrigada por ter visitado e comentado o meu blog.
    Não aprecio filmes de terror, bem pelo contrário, mas já vi o filme.
    Beijos e boa semana.

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  2. Oh WOW what a cool book. I love the design. This was a great movie.

    Allie of
    www.allienyc.com

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  3. Bom dia. Visitando gostei muito do blogue. Acredito que o livro que fala seja muito interessante de ler embora eu não seja fã de tudo o que seja TERROR.
    Fiquei seguidor. Voltarei.
    Cumprimentos poéticos.

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  4. A obra escrita sempre proporciona um aprofundamento, como vc falou. Penso bastante que isso se deve mais à introspecção que passa a ser permitida aos personagens, algo que não fica bem quando se tenta na tela. E novelização é algo plausível, justo e que não merece desabono, embora algumas pessoas torçam o nariz para essa prática.
    Poltergeist mexeu comigo quando criança. Mas o revi há quase um ano e é algo que não resiste ao tempo, penso. Ao menos, comigo não funcionou.
    Abraços!

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  5. Oi Larissa, só conheço Poltergeist pelo filme, e achei muito interessante a proposta do livro ser uma novelização com um 'algo mais'. Esses extras despertaram meu interesse pelo livro.

    Até breve;
    Helaina (Escritora || Blogueira)
    https://hipercriativa.blogspot.com

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