RESENHA | "ALMA DE GUERRA" de Suehtam Guimarães

Editora: Empoderar  |  Páginas: 260  |  Ano: 2020  |  Gênero: Romance e Fantasia 

Sempre achei a cultura oriental muito interessante, única e rica de diversas maneiras mas nunca tinha lido um livro que abordasse a cultura. O máximo que eu conhecia vinha dos filmes que assistia ou dos mangás/animes que acompanhava durante a infância e adolescência. 

Após a criação do mundo, tudo parece bem até que as coisas mudam por conta da ambição da Deusa da Morte (e também da Vida, Izanami), que começa a causar um caos após achar que os mortais já não a veneravam como merecia, o que fazia com que enfraquecesse cada vez mais. Com seus poderes diminuindo, ela toma atitudes extremas que resultam na morte da sua irmã, a Deusa do Sol, Amaterasu. 

"Um dia, eu ouvi dizer, que o amor e o ódio são perigosos porque os dois te transformam em algo diferente."

Mesmo após a morte de Amaterasu, Izanami não conseguiu o que queria, que era a armadura de sua irmã afim de se tornar mais forte já que a armadura para se ligar a ela, teria que ter sido dada de bom grado e não roubada daquela forma. Com um ódio que crescia cada vez mais, a Deusa da Morte então cria os youkais utilizando da energia da armadura, criaturas que deixam um rastro de sangue por onde passam, o que consequentemente ajuda da deixar Izanami mais forte por conta das mortes. A Era da Calamidade se iniciava.

"As cicatrizes eram rosadas e ficariam ali pelo resto de sua vida. Era como se o destino quisesse fazê-la lembrar de sua jornada."

Mil anos se passam e os selos de proteção que haviam sido criados por criaturas sábias conhecidas como Shitennos a fim de proteger todos do ódio de Izanami é rompido e uma onda de ataques dos youkais se inicia. O que ela não sabia era que Amaterasu reencarnara através da jovem May que até então desconhecia seu poder. Quando May se vê sem escolhas, tem que sair da ilha onde passou grande parte de sua vida para enfrentar o seu destino iminente e é nessa jornada que conhece Kenshi, um guerreiro que perdeu o irmão após o ataque de um youkai no vilarejo em que morava quando pequeno e que está em busca da armadura de Amaterasu.

O destino dos dois se une de uma forma inesperada e eles não apenas tem que lutar juntos para sobreviver como também decidir se é seguro confiar no outro já que um sentimento começa a surgir entre os dois. 

"Sabia que aos olhos mundanos, sua atitude lhe traria desonra, porém, sendo algo que ela almejava, nada mais parecia importante, a não ser a opinião da única pessoa cuja qual considerava respeitar: ela mesma."

Eu gostei bastante da leitura, mais do que imaginei que iria. May é uma jovem teimosa mas muito poderosa e decidida no que quer fazer, já Kenshi é engraçado, forte e um amor de guerreiro, o que me fez apaixonar completamente pelo personagem. A narrativa é feita de forma bem rápida e fluída, o que em muitos momentos me lembrou da narrativa de novels. Não tem muitos floreios e vai direto ao ponto, o que acho que combinou bem com a história em si. Cada início de capítulo traz um ensinamento oriental e há também algumas ilustrações dos youkais que aparecem, o que ajuda na hora de imaginar as criaturas bizarras. 

"É um sentimento tão fútil. Depositar sua fé e esperanças na mão de outro ser humano."

É um livro cheio de ação e que nos leva para dentro da mitologia japonesa, nos ajudando a conhecer um pouco mais dela. Conforme eu lia, imaginava tudo se passando na minha mente como um anime, já que é bem comum encontrar personagens como deuses e youkais nas obras. Enfim, foi uma obra que me surpreendeu positivamente visto que é algo bem diferente do que estou acostumada a ler, um tipo de fantasia que nunca havia lido em um livro e que me agradou bastante. Vi no instagram que o autor fez uma pesquisa profunda sobre a mitologia japonesa para poder criar a sua história, o que ao meu ver, valeu a pena. O final pra mim foi bem satisfatório. 

É tão bom quando uma obra nos surpreende de forma positiva, né?  Já leram algum livro que aborda a mitologia oriental?