RESENHA | "SEMPRE EM FRENTE" de Rainbow Rowell

Editora: Seguinte  |  Páginas: 504  |  Ano: 2020  |  Gênero: Fantasia, Romance, LGBTQ  |  Tradução: Lígia Azevedo

Não vou negar que eu estava um pouco receosa para ler o livro. Tudo indicava que seria só mais um "Harry Potter" e isso me deixou pensando que talvez fosse ser uma perda de tempo. Algumas amigas me indicaram, panfletaram muito esse livro para mim e a minha cunhada me deu de presente de Natal. Não tinha mais como fugir, então peguei finalmente para ler. 

"Mas meus pais deviam ser normais, porque feiticeiros não abandonam seus filhos. Não existem orfanatos para magos, Penny diz. A magia é preciosa demais."

De início, tinha enrolado bastante para a leitura. O começo do livro é parecido DEMAIS com Harry Potter. Várias semelhanças mesmo, então eu fiquei com preguiça porém fui insistindo lentamente. Simon Snow é um órfão que após alguns acontecimentos peculiares, descobriu ter a magia em si e após a visita do Mago foi enviado para a escola de magia de Watford onde até mesmo lá ele é considerado diferente já que é "O Escolhido" para derrotar o vilão conhecido como Oco. Ele divide o quarto com seu grande rival e (talvez) vampiro, Baz, que vem de uma família mágica poderosa. 

"Dividir o quarto com a pessoa que mais desejo é como dividir o quarto com uma fogueira. Ele não para de me atrair e eu acabo chegando perto demais. Sei que não adianta nada, que não vai levar a nada de bom, que não vai levar a absolutamente nada. Mas continuo nessa mesmo assim. E então... Bom. Então me queimo."

Agora imagina comigo: E se Harry Potter e o Draco se apaixonassem? 

Quando mais um ano se inicia e Baz não aparece por semanas, Simon fica obcecado em descobrir onde ele anda e o que está tramando já que Baz nunca pareceu gostar muito dele também. Quando o rapaz finalmente aparece, um acontecimento faz com que os dois tenham que trabalhar lado-a-lado, o que faz com que se aproximem mais.

"O que significa tomar conta de um poder? Usá-lo? Conservá-lo? Impedir que vá parar em mãos erradas?"

Baz nutre desde o quinto ano um amor não correspondido em segredo por Simon mas com essa proximidade, o sentimento rapidamente se torna mútuo em meio a todas as aventuras que os dois tem que enfrentar, principalmente porque apesar de Simon ser o escolhido e muito poderoso, ele é completamente desajeitado na hora de usar a magia, o que faz com que quase sempre algo dê errado. 

Adorei os personagens do livro. Simon é teimoso, desastrado e inocente, não fazendo ideia de como lidar com o poder que tem. Já Baz, apesar de toda a sua arrogância, é um amorzinho. Minha personagem preferida foi Penelope, a melhor amiga de Simon, que além de muito inteligente, tem opinião forte e está sempre lá para apoiar Simon.

"Talvez eu nem tenha esse tipo de amor em mim. Talvez seja um defeito meu."

A narrativa do livro é bem simples e não nego que um pouco previsível. Em determinado ponto do livro, eu já fazia uma certa ideia de como seria o desfecho da história mas apesar disso, é uma fantasia bem gostosa de se ler. É leve, tranquila e passa bem rápido mesmo o livro tendo em torno de quinhentas páginas. Os feitiços são bem peculiares e engraçados, diferentes daqueles mais rebuscados de HP e apesar das inúmeras semelhanças, o livro me prendeu muito.

"É preciso acreditar que se vai ter um final feliz, é preciso segui sempre em frente, como se ele fosse chegar, senão fica impossível."

Para quem não sabe, a obra é um spin-off de outro livro da autora, chamado "Fangirl". Eu não li ele antes de ler Sempre em Frente, os dois podem ser lidos de forma independente. Estou bem curiosa com relação a sequência, espero que seja tão bom quanto.